quarta-feira, 30 de abril de 2008

Pecados Capitais: A Preguiça...



"De todas as paixões a que nos é mais incógnita é a preguiça.

É a mais ardente e a mais maligna de todas,

ainda que a sua violência seja imperceptível e que os seus danos se escondam."



La Rochefoucauld



A preguiça é a pouca ou falta de disposição, a inatividade de uma pessoa ou aversão ao trabalho, demora ou lentidão para fazer qualquer coisa. É o tédio ou a tristeza em relação aos bens e relações. É um aborrecimento natural pelo trabalho no dia-a-dia quando o mesmo não tem o seu esforço recompensado...
A preguiça pode assumir um papel físico, no entanto não se resume apenas a isso, podendo também referir-se a preguiça mental, a preguiça de pensar, de se esforçar mentalmente e que remete o ser Humano ao simplismo ideológico.
A característica básica da preguiça revela-se em pessoas que frequentemente adiam compromissos, decisões, projetos, mudanças, ou até simples afazeres rotineiros, com a justificação de que não houve tempo, ou que irá realizar outro dia, quando na realidade apenas tentam ocultar uma insegurança exagerada na sua própria capacidade de agir.
Na maioria das vezes o preguiçoso utiliza o desânimo e o esquecimento como estratégia para fugir da necessidade de arregaçar as mangas e enfrentar a parte que lhes cabe realizar na vida.
É como se sentissem imobilizadas perante o mundo e a sua própria vida.
Aquele que sofre de preguiça pode em alguns momentos recuperar a lucidez e desejar ter força para não mais sofrer deste mal. No entanto, é comum o sentimento de decepção quando se dá conta de que ainda não possui estabilidade emocional para empreender suas próprias conquistas.
É muito feio admitir que se tem preguiça, mas que atire a primeira pedra quem nunca sofreu desse mal, quem nunca desejou passar o dia no sofá sem se preocupar com nada, sem pensar em nada... Absorvido pela abstracção do mundo, podendo dar-se ao luxo de não fazer absolutamente nada.
"Sou feliz só por preguiça.
A infelicidade dá uma trabalheira pior que doença:
é preciso entrar e sair dela,
afastar os que nos querem consolar,
aceitar pêsames por uma porção da alma que nem chegou a falecer."
Mia Couto - Mar me quer


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